domingo, 5 de dezembro de 2010

Atlas reúne os cem anos das migrações portuguesas

No final do século XIX, os portugueses saíam à procura de um futuro melhor e o Brasil era o principal destino. Hoje, são os brasileiros a maior comunidade imigrante em Portugal, revela o Atlas das Migrações, um livro coordenado pelo sociólogo Rui Pena Pires e o primeiro alguma vez feito, reunindo dados sobre a emigração e a imigração nos últimos 100 anos.


O documento faz uma retrospectiva dos últimos cem anos de migrações em Portugal, com informação cronológica, geográfica e sociológica sobre as migrações portuguesas. O livro vai ser lançado durante o colóquio Migrações, Minorias e Diversidade Cultural, que decorre esta quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

“Os portugueses não saíram por vocação mas por acidentes da história. A História explica muito”, diz Pena Pires ao PÚBLICO, confessando que “é céptico às explicações culturalistas” sobre a emigração, seja a portuguesa ou outra. A saída de Portugal não se deve a “uma característica geral comum a todos os portugueses”, mas a questões económicas e ao passado colonial, avança. Actualmente, mais de dois milhões de portugueses, nascidos em Portugal estão fora do país e, por outro lado, existe meio milhão de estrangeiros a residir no país. Pena Pires defende a necessidade de atrair mais imigrantes, de maneira a “compensar” o número de saídas. O sociólogo explica que a emigração se faz em idade activa, logo, é necessário repor activos no mercado de trabalho, bem como compensar o défice de financiamento do sistema de Segurança Social.

Além da apresentação do Atlas, o colóquio procura ainda dar a conhecer as experiências dos jovens que deixaram Portugal para estudar ou para trabalhar. A intenção é “apontar caminhos, fazer recomendações e dar sinais de esperança aos que estão cá dentro e aos que estão fora”, revela Luísa Valle, directora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano.

O Atlas resulta de um projecto do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e foi financiado pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República e pela FCG. Desde 2006 que a Gulbenkian tem vindo a promover encontros, projectos e publicações sobre o tema das migrações.

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