Os especialistas presentes no Fórum do Investidor são unânimes: a única alternativa, para Estado, famílias e empresas, é aumentar a poupança interna
"Não é o fim do mundo como os jornais nos querem fazer crer", lança Jorge Marrão, Partner da Deloitte, por ocasião do Fórum do Investidor, promovido na terça-feira pelo Diário Económico. O assunto é a actual crise e o endividamento dos vários sectores da economia e, provocações à parte, importa reter que existe uma luz ao fundo do túnel: chama-se "poupança" e é imperativa. "Não há alternativa nenhuma senão reequilibrar a poupança", diz o responsável da Deloitte. Um tema que ganha particular relevância num momento em que "a poupança externa apresenta as restrições que são conhecidas, quer pela quantidade, quer pelo preço", nota o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Carlos Costa Pina, logo "temos necessariamente de dinamizar a poupança interna".
As contas são simples: que os portugueses gastam mais do que produzem não é novidade, e a poupança dá lugar endividamento. "Há uma tendência muito forte, principalmente a partir de 1995, de queda da poupança, embora já tenhamos começado a assistir a uma inversão da tendência no último ano", nota João Cantiga Esteves, professor de Finanças do ISEG. E adianta: "Temos um elevado nível de endividamento, superior à média europeia e é generalizado, não é no só no Estado, mas também nas famílias". Raul Simões Marques, vice-presidente do conselho de admnistração do Banif Gestão de Activos, nota que o endividamento das famílias portuguesas quadriplicou nos últimos 15 anos, de 30% em 1995, para 137% do rendimento disponível, em 2009. "Isto não é particularmente grave num contexto de taxas de juro baixas, o que é mais preocupante é que o activo, a riqueza das famílias, se manteve estável neste mesmo período", explica. Para Jorge Marrão, "o défice externo é um problema de poupança e não de competitividade", uma vez que "o resto do mundo é que nos financiou e não vai continuar a fazê-lo".
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